Autora: Martha Batalha.
Editora: Companhia das letras.
Classificação:
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Páginas: 192 páginas.
Enquanto trabalhava nas receitas ela tinha certeza de que estava fazendo algo de valor, mas na frente do marido tudo perdia o sentido.
Sinopse: A vida em 1940, especialmente para mulheres eram bem diferentes de hoje, já que as aspirações de suas famílias para as mesmas se resumiam em que encontrassem um bom marido e fossem excelentes donas de casa. Com as irmãs Gusmão não era diferente, mas Guida teve um destino muito diferente ao de Eurídice sua irmã mais nova, pois enquanto uma desbravou o destino fugindo de casa a outar tornou-se uma dona de casa exemplar, mas vida pregou muitas peças nas irmãs Gusmão que mesmo separadas buscaram sempre o caminho de volta uma para outra.
Uma família classe média nos anos vinte, criando duas jovens sempre muito inquietas deixaram seus pais preocupados sobre as aspirações de vida e o que elas iriam se tornar. Inteligente, sagaz e talentosa. A filha mais nova dos Gusmão, Eurídice, poderia ter se tornado escritora, média ou até mesmo engenheira, mas atmosfera machista e classista dos anos vinte roubou todas as aspirações da jovem mulher retirando seu poder de escolha, transformando-a em uma dona de casa.
Ainda jovem, tenta conhecer outros caminhos tocando flauta chegando até a ser convidada para tocar numa Orquestra, mas logo sofre com a rejeição dos pais que acreditam não ser aquele o caminho de uma moça de família para ter um bom marido. Depois de casada, ela tenta desbragar outros caminhos e se encontrar, na cozinha ela começa a desbravar outros caminhos com seu pequeno caderninho de receitas de capa preta, logo é interceptada pelo marido que diz que ninguém compra um livro de receitas feito por uma dona de casa. Ela desiste, mas a jovem mulher inquieta não consegue ficar parada e dá rumo a outras ideias, porém ao tentar colocar em prática sempre acaba sendo frustada pelo marido.
Tentando escrever com outras linhas seu destino, Eurídice se vê perdida, sem rumo, já não consegue mais pôr nada em prática. Um dia descobre uma prateleira de livros e dando de cara com tantos autores, tais como: Antonio Candido, Caio Padro Jr , Virginia Woolf, Jane Austen, George Eliot e Lima Barret, desbrava a litura como seu único alimento, tendo como companhia sua máquina de escrever e muitas ideias.
Uma família classe média nos anos vinte, criando duas jovens sempre muito inquietas deixaram seus pais preocupados sobre as aspirações de vida e o que elas iriam se tornar. Inteligente, sagaz e talentosa. A filha mais nova dos Gusmão, Eurídice, poderia ter se tornado escritora, média ou até mesmo engenheira, mas atmosfera machista e classista dos anos vinte roubou todas as aspirações da jovem mulher retirando seu poder de escolha, transformando-a em uma dona de casa.
Ainda jovem, tenta conhecer outros caminhos tocando flauta chegando até a ser convidada para tocar numa Orquestra, mas logo sofre com a rejeição dos pais que acreditam não ser aquele o caminho de uma moça de família para ter um bom marido. Depois de casada, ela tenta desbragar outros caminhos e se encontrar, na cozinha ela começa a desbravar outros caminhos com seu pequeno caderninho de receitas de capa preta, logo é interceptada pelo marido que diz que ninguém compra um livro de receitas feito por uma dona de casa. Ela desiste, mas a jovem mulher inquieta não consegue ficar parada e dá rumo a outras ideias, porém ao tentar colocar em prática sempre acaba sendo frustada pelo marido.
Tentando escrever com outras linhas seu destino, Eurídice se vê perdida, sem rumo, já não consegue mais pôr nada em prática. Um dia descobre uma prateleira de livros e dando de cara com tantos autores, tais como: Antonio Candido, Caio Padro Jr , Virginia Woolf, Jane Austen, George Eliot e Lima Barret, desbrava a litura como seu único alimento, tendo como companhia sua máquina de escrever e muitas ideias.
Minhas impressões:
Entre os paradigmas de uma dona de casa e de jovem inquieta, a história da irmã mais nova nos mostra como ainda somos invisíveis e apesar de alguns marcos e avanços talvez ainda não tenhamos conquistado tanto como mulheres. E foi este o paradoxo que a autora deixou em minha mente depois que terminei de ler o livro numa madrugada. A invisibilidade de Eurídice ainda nos afeta ou ela só foi mascarada? Como o racismo, violência e o machismo (evidente e ainda presente) na sociedade carioca perpassa por todas as camadas desde a da família classe média até as camadas sociais mais pobres e menos privilégiadas que nos cercam?
A inquietude de Eurídice é fato um problema ou uma mulher que pense afrente de seu tempo e queria desbravar outros caminhos é uma ameaça? Perguntas facilmente respondidas numa análise a leitura deste livro, Martha nos presenteia com uma bela narrativa, mas com histórias tão difíceis de engolir e intragáveis em alguns momentos por não estramos tão distante quanto gostaríamos dessa realidade.
Citações favoritas:
Sozinha na cama, corpo escondido sob o cobertor, Eurídice chorava baixinho pelos vagabunda que ouviu, pelos vagabunda que a rua inteira ouviu. E porque tinha doído, primeiro entre as pernas e depois no coração.
Ninguém vale muito quando diz ao moço do censo que no campo profissão ele deve escrever as palavras “Do lar”.
Cecília veio ao mundo nove meses e dois dias depois das bodas. Era uma bebê risonha e gordinha, recebida com festa pela família, que repetia: É linda! Afonso veio ao mundo no ano seguinte. Era um bebê risonho e gordinho, recebido com festa pela família, que repetia: É homem!
Porque Eurídice, vejam vocês, era uma mulher brilhante. Se lhe dessem cálculos elaborados ela projetaria pontes. Se lhe dessem um laboratório ela inventaria vacinas. Se lhe dessem páginas brancas ela escreveria clássicos. Mas o que lhe deram foram cuecas sujas, que Eurídice lavou muito rápido e muito bem, sentando-se em seguida no sofá, olhando as unhas e pensando no que deveria pensar.
“É para você escrever o que pensa do mundo”,
O segundo é que quando Zélia escrevia se transformava em uma das mulheres mais interessantes de seu tempo.
Enquanto trabalhava nas receitas ela tinha certeza de que estava fazendo algo de valor, mas na frente do marido tudo perdia o sentido.
D. Maricotinha, no entanto, não achava a vida uma dádiva. Achava a vida um absurdo.
Quando tocava existiam apenas ela e a flauta, e aquele era um mundo perfeito, por ser um mundo pequeno.
Mostrando para Eurídice que havia um mundo mais cruel do lado de fora do que aquele que tinha construído por dentro.
Fugir era que nem morrer, só que pior, porque na morte a pessoa vai embora sem saber, e não pode se despedir. Mas na fuga a pessoa sabe que está indo embora, e nem se importa em dizer adeus.
Às vezes a gente acha que está fazendo tudo certo, mas quando se dá conta descobre que estava com os olhos tapados e não consegue acertar de jeito nenhum.”
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