Eram oito e meia da manhã, estava em minha mesa de
trabalho e as músicas deixavam meu dia "perfeito" ainda melhor. Só
cumprindo meu ritual matinal. Acabou um álbum, coloquei outro para tocar. Sia
- 1000 Forms of Fear, dominava o ambiente e, já que ninguém se incomodava,
o som entoava em volume máximo. Estava feliz. Muito feliz por sinal, até
chegarmos á música oito, Elastic Heart, e tudo em minha volta já não importavam,
além das lembranças que há muito fora esquecida. (1). M, faz muito tempo que não se lembrava de
você, e agora me sinto mal em escutar essa música. Porque ela faz lembrar-se de
nós dois, faz lembrar quando estávamos juntinhos olhando o pôr-do-sol naquela
praça á beira mar — mesmo com os olhares
frustrados por nos verem ali, mesmo sem quebrar a cena clichê de filme —
e escolhemos essa canção, essa canção, para falar por nós. Mas ela
acabou ditando o que estava por vir a mim, apenas a mim. Tudo por causa de
você, M. Estou sentindo-me mal. Mesmo com os olhos cheios de lágrimas, tentei
fazer o que fiz desde o dia em que teu gume varou meu peito, e de surpresa
atingiu o que nos mantinha unidos. “Ele agora é roxo, e não vermelho.”
Mais tarde, no mesmo dia, conversava com um amigo do
trabalho sobre as situações difíceis de lidar num relacionamento. Estava mais uma
vez dando conselhos para alguém que precisava. Foi numa explicação que acabei
chamando o meu amigo de M. (2).
Caramba M, não bastava o que passei pela manhã?! Já são duas horas da tarde e
não quero que isso se classifique como "estou pensando em você o dia
todo", você não merece isso e acho que nesse sentindo concorda comigo.
Duas e meia... Era mas ou menos essa hora que saia de casa para te encontrar. Nós
nos encontrávamos as três e passávamos o resto do dia juntos. Sempre pegamos
o por-do-sol. Pegávamos o por-do-sol. Colados, juntos. Menos no dia em que
te vi pela primeira vez — nesse dia fez frio, choveu e foi um “start” para quebrarmos
a timidez e nos abrasarmos, já que estava frio. Um dos meus dias perfeitos,
sabe?! Agora isso não é mais possível. Você estragou tudo. Tudo. Não quero
mais, também. Essa é a verdade. Só não sei por que ainda estou te citando aqui,
se isso só me faz chorar.
À noite, no curso, saí do carro dos amigos que eu pego carona sempre, porque
somos muito amigos e muito unidos, BFF’s, — inclusive foram eles que me
consolaram quando M... Bem... — e rumamos em direção ao prédio. Falávamos
coisas aleatórias, como sempre fazemos, quando tiro uma brincadeira sobre estar
só há muito tempo. Não, eu não falei pelo que já tinha passado durante o dia,
foi espontâneo. E como a coisa não pudesse piorar um dos amigos que estavam
comigo diz: "Hummmm! Saudades de M?!". (3). A única mulher do trio saiu rapidamente em
minha defesa: "De M?! Duvido. Disso
eu tenho certeza." Shit! Não queria pensar em M nem naquele dia nem
nunca mais, mas estava difícil tudo me fazia lembra-lo. Já faz meses, está
universo? O tempo queria me irritar por me fazer ter a sensação de que se
passaram horas desda ultima vez em que estive com M. E isso não era legal, até
porque isso não era comum, até esse dia. Sempre que estávamos com muitas
saudades um do outro, falávamos por Skype. Assim olhávamos um nos olhos do
outro, sempre encontrando verdade, admiração, carinho e desejo. Mas tudo isso
era solúvel. Foi e nunca mais voltará. Não sei se sinto saudades. Apenas tento
esquecer. É pior do que tentar pegar fumaça e depois guarda-las.
Três horas de aula depois, após ter perdido minha caneta para outro
colega de turma, fui buscar outra com minha amiga, a mesma defensora. Ela
procura no estojo e diz: "Só tem preta M. M não..." (4).
Destino pare. Eu já não aguento mais.
Minha real vontade durante o dia era apenas se isolar do mundo e chorar. Porque
sou desses. Eu choro, e choro muito, mesmo que seja por quem não merece uma
gota. Mesmo que seja por M. Quer que eu assuma que sinto a falta de M. Não, não
sinto. Mas sinto uma dor dentro de mim por M ter pisado na bola comigo. Por ter destruído algo que rumava para o amor, pelo menos da minha parte. E vi tudo
isso se espalhar pela atmosfera, apenas vi.
Caramba! Não aguento mais. M, culpar-te parece até não ser justo. Não
tenho outra forma de selar o que sinto. Cheguei a me culpar por um dos fatos
que já aconteceu. Você me disse “eu te amo” e eu queria tempo, porque amor não
é instantâneo. Tive medo de te perder depois, mas ainda continuamos, e bem. Mas
não por muito tempo. Você se foi e eu sei que não fiz errado, porque joguei limpo
com você, seguindo os passos contrários as suas atitudes. Já não bastam os choros escutando a Sia?! Às
vezes desejava que a Sia não existisse, só assim a música que um dia foi nossa,
e que ainda me faz lembrar você, não existiria — maldita hora em que você pegou
o seu iPhone e a escolhemos. Mas pensando bem, se não fosse ela seria outra
cantora, ou quem sabe um cantor, banda. Isso não mudaria. Acho que ela só
esfrega na minha cara o que não quero escutar depôs de você, M. Depois de nós. Houve
mesmo um nós? Acho que por isso me
incomoda tanto. Lembrar-se de você: item N1º das coisa que evito. Quatro vezes em um dia... 4 vezes M? Só pode
ser castigo.
"And another one bites the dust
But why can I not conquer love?
And I might've thought that we were one
Wanted to fight this war without
weapons
And I wanted it, I wanted it bad
But there were so many red flags
Now another one bites the dust
And let's be clear, I trust no one"
Sia - Elastic Heart
Qual livro é tô procurando um com essa música me ajuda por favor
ResponderExcluirOi Camila, tudo bem? Então, não é um livro foi uma mini crônica/conto escrito pelo @Rafinhaamarall nosso antigo colaborador, mas garanto que se for falar com ele no insta vai adorar te ajudar com livros que se relacionam com essa música. Espero te ver sempre por aqui, abraços! <3
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