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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Céu sem estrelas | Estante

Nome: Céu sem estrelas.
Autora: Iris Figueiredo.
Editora: Seguinte.
Páginas: 357 páginas.
Classificação: 

Onde comprar: Amazon | Cultura | Saraiva | Submarino 

Sinopse: Cecília acabou de completar dezoito anos e parece que a maior idade chegou com tudo inclusive mais responsabilidade do que esperava. Perder seu primeiro emprego e entrar num briga terrível como a sua mãe vai bagunçar mais ainda suas expectativas sobre futuro, faculdade e isso faz com que ela acabe tendo que ir morar a casa melhor amiga. Onde acaba se aproximando de Bernardo e os dois engatam num relacionamento Um livro sobre saúde mental, romance e família.

Cecília tem muitos traumas e os guarda para si junto com alguns ressentimentos dos seus relacionamentos familiares. Ela e sua mãe tem uma dinâmica comunicativa complicada pela ausência de seu pai e por ela não entender algumas escolhas de sua mãe. Bernado nunca teve um relacionamento sério e guarda muito de seus traumas para si por medo de não ser compreendido, mas acha que finalmente está pronto para se abrir e ter um relacionamento com alguém. Logo quando Cecília se muda para sua casa e eles se aproximam tudo parece fluir com naturalidade .

Uma história sobre amor, família, amigos e saúde mental. Iris escreve com uma sensibilidade imensa e emerge o leitor em suas histórias com facilidade. A busca por compreensão dos jovens é retratada de maneira crua, dolorosa e real. E essa é uma das belezas de sua escrita buscar compreensão no desconhecido e não amaciar as palavras, entender a tristeza em todas suas nuances e compreender quando se precisa de ajuda.




Minhas impressões:
Não é segredo pra ninguém que sou uma grade fã da Iris e quando ela disse que seria publicada pela seguinte fiquei muito feliz por esse reconhecimento. Nos conhecemos em 2015 na Bienal do livro de Pernambuco e acabei comprando Confissões online desde então sigo apaixonada pela sua escrita.

Este livro me acolheu extremamente quando mais precisava. Céu sem estrelas é mais um livro YA e rompeu todas as expectativas que tinha ao superar todas elas. É incrivelmente poético, real e triste. A Cecília encontra um lugar comum em meio as palavras tristes, vida adulta e faculdade. Senti cada palavra deste livro e não poderia ficar mais feliz por algo tão verdadeiro, cru e responsável sobre saúde mental para jovens ter sido publicado. Espero que possa alcançar muitas pessoas, já foi o mais vendido da flipop e espero que esgote na bienal.

No Brasil, grande parte dos adolescentes sofrem de transtornos mentais graças a tecnologia, vida ou só a crueldade na qual foram inseridos desde muito novos (socialmente falando). Enfim, existem inúmeros motivos para recomendar para vocês é nacional, bem escrito, tem muita representatividade e foi o primeiro livro que li com personagem deficiente e gordo que eram relevantes na história. Mas espero que se você ler este livro e se identificar com a Cecília em alguns pontos procure ajuda. Saiba que apesar de algumas vezes não conseguir levantar da cama existe uma saída para o que você está sentindo. Esta saída está próxima de você mesmo que a tristeza não o deixe enxergar isto, procure ajuda. 

Além de tudo isso toca em um tema muito importante e pouco debatido nas mídias tradicionais gordofobia. Fala-se muito sobre corpo, padrão de beleza, transtornos e compulsões alimentares. Mas ainda é preciso desmitificar a figura da pessoa gorda na mídia, na medicina e na sociedade como um todo. A autora fez isso com maestria nesta história e com uma sensibilidade única característica de sua escrita.  

Citações favoritas:

Acho que todo mundo só enxerga no outro aquilo que é conveniente.

Só queria estar com alguém que me permitisse descobrir quem eu queria ser. Quem me visse e me aceitasse do mesmo jeito.

Não gosto de coisas tristes por si só, se é isso que você quer saber. Mas eu gosto de saber que há pessoas por aí que me entendem, de certa forma.

Porque o mundo não quer que a Mística seja ela mesma.

Que às vezes que você tinha a sorte de encontrar alguém que era capaz de ouvir as questões existenciais que você tinha para compartilhar sem rir ou fazer pouco caso.

Pessoas são sempre complexas.

Era só um lembrete de que a dor podia ser sentida se outras formas - que podia ir para fora, que por uns instantes não ia me consumir por dentro.

À princípio não entendera muito bem que o estava acontecendo, mas me me importava com ela e queria protegê-la do mundo, embora soubesse que não era capaz daquilo.

As coisas ficam pequenas lá de cima. A gente percebe como é pequeno diante da imensidão do mundo.

Sempre existe uma saída, mesmo que a gente não consiga enxergar.

A vida é muito mais do que o sentimento que o sufoca.

Há muitas estrelas no céu, não deixe que as nuvens te façam se esquecer disso.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Céu sem estrelas | Estante