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Sinopse: Uma guerra cultural entre negros e brancos vem à tona em uma universidade predominantemente branca quando uma revista de humor organiza uma polêmica festa de halloween.
Elenco: Logan Browning, Brandon P. Bell, Antoinette Robertson, Ashley Featherson, DeRon Horton, Marque Richardson e outros.
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Dear White People ( ou Cara Gente Branca, em português) é uma série baseada num filme de 2014, e conta a história de Sam White (Logan Browning) e outros jovens negros numa universidade majoritariamente composta por alunos brancos nos EUA, que após uma festa blackface organizada por um grupo de alunos brancos desencadeia várias tensões raciais no âmbito acadêmico. Cara Gente Branca é sobre racismo, mas também é muito mais.
Separamos 5 motivos pra você assistir essa série e sobre os assuntos importantes que ela toca - e que todo mundo deveria saber sobre o racismo.
1. O colorismo existe
Cara Gente Branca mostra não só a diferença entre negros e brancos - que é gritante - mas também a diferença dos negros entre si. Falar de colorismo é um tema delicado, por exemplo aqui no Brasil cerca de 40% da população se identifica como "parda". "Mulato", "moreno", "escurinho", são termos que surgiram para abarcar pessoas negras de pele mais clara. Ver as tensões raciais que existem em Cara Gente Branca ajudam a olhar o Brasil com outra persperctiva.
Por exemplo, a relação entre Coco e Sam. Ambas são mulheres negras. Coco tem a pele mais escura, e com isso ela carrega memórias com as quais fazem ela lidar com a sociedade do jeito que ela lida. A série nos faz entender que Sam sofreu menos racismo por ter pele mais clara e olhos verdes. Assim, Coco acaba sendo taxada como arrogante e reprodutora do racismo, como se já não bastasse ser comparada a seus amigos brancos, ela também se sente inferior em relação ao resto da comunidade negra.
2. Existe também uma coisa chamada "solidão da mulher negra"
Além de sofrer mais o racismo do que Sam, Coco também parece ter sido deixada de lado pelos homens - tanto negros quanto brancos. Isso mostra o quanto a cor da pele influencia nas relações afetivas. Se um homem negro está dividido entre uma mulher branca e uma mulher negra, grandes chances são a que ele escolha a branca. Se um homem está dividido entre duas mulheres negras, sendo uma de pele mais clara, grandes chances são a que ele escolha a que tenha pele mais clara. Isso se chama "solidão da mulher negra", e é mensurável.
3. É importante ocupar espaços
Ao longo de Cara Gente Branca, Gabe (Jonh Patrick Amedori) - o único branco entre os principais - tenta participar de um debate racial na universidade. Na moradia negra, a sua opinião é desconsiderada por causa de sua pele branca. Agora é só inverter, e ver como um negro que é o único em sua sala de aula, por exemplo, se sente. Ser o único o tempo todo dói demais, e faz com que a sua voz seja silenciada por um sistema hegemônico e racista. Acredito que a maior lição que essa série nos traz é que a pessoa negra ela não precisa ficar calada, só porque ela foi acostumada a ficar assim, e que deve sim ocupar os espaços que são seus por direito.
4. Negro não é fantasia de carnaval
Apropriação cultural também é um tema muito delicado, e ganha uma outra abordagem em Cara Gente Branca. Ela acontece em uma festa quando diversos alunos brancos "celebram" a negritude pintando os rostos de marrom, se vestindo de ícones da cultura negra, só que de maneira estereotipada e exagerada. Acontece que os negros não precisam de uma homenagem dessas, e os elementos culturais importantes não podem virar fantasia de festa. Não adiante pintar o rosto de marrom enquanto contribui o tempo todo para a manutenção do racismo.
5. Racismo reverso não existe
Não adianta se vitimizar por ter sido chamado de "branquelo" ou "alemão". Racismo reverso não existe. Em Cara Gente Branca, os alunos brancos ficam chocados quando Sam faz generalizações e os chama de racistas. Uma piada com pessoa de pele branca pode até causar desconforto, mas numa fez com que alguém fosse impedido de entrar numa loja cara, por exemplo. O racismo contra negros é estrutural. Segundo o IBGE, os trabalhadores negros ganham, em média, 59% do rendimento dos brancos. O racismo é um mecanismo que faz com que os negros sofram todos os dias, a toda hora. Cara Gente Branca, não existe piada de "branquelo" que faça com que você saiba o que os negros sofrem todos os dias.
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