Desabafar ou desabar? | Escritos

domingo, 29 de março de 2020

Imagem: tumblr


*este texto pode conter gatilhos para quem tem ansiedade

Dizer as coisas que sinto nunca foi tão simples pra mim, talvez porque sentir tenha parecido errado para quem eu falava sobre meus sentimentos ou talvez seja a droga da ansiedade que grita coisas na minha cabeça que não fazem sentido no meio das crises.

Falar nunca é fácil, mas escrever deixa tudo menos pesado durante esse processo. Quando comecei o tratamento sabia que a cura não é linear, na verdade a cura não existe, mas é possível alcançar um equilíbrio/controle dos seus sentimentos e aprender a lidar com eles na terapia. Só não é simples e nesse processo tenho tropeçado tanto que ás vezes me dá dó de mim mesma, sei lá eu nunca pareço saber desabafar sem desabar. É como se eu fosse a casinha dos três porquinhos que com pequenos sopros fosse para os ares, mas na verdade é com pequenas palavras sabe? É como se os pequenos desabafos no meio do caminho fossem me derrubando até uma crise chegar.

A falta de confiança, a auto sabotagem e depois os pensamentos confusos que parecem dançar na minha mente até que eles fazem o meu peito explodir e conseguem me deixar finalmente tão ansiosa quanto nunca antes. Sentir o coração amassando dentro do peito é a pior sensação que você pode ter na vida depois não conseguir respirar. E como o roteiro chamado vida nunca me deixa na mão, já senti as duas coisas e quis nunca mais sentir algo parecido.

É como andar na corda bamba, só que sem a corda.

E, sabe, ás vezes quando tudo fica bagunçado assim a única alternativa que tenho é escrever ou dependendo da intensidade falar com meu psicólogo. Quando nada disso funciona, como agora, depois de meses sem crises muito fortes e uma vida linear, sento e recomeço tudo outra vez.

Escuto uma música e ao ser embalada pela melodia, me deixo ser abraçada por mim mesma e tento não sentir pena de mim, não me culpar. Afinal, eu não tenho culpa de ter ansiedade.

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