Uma carta no word | Escritos

domingo, 24 de junho de 2018

Foto: Pinterest


Queria te escrever uma carta a próprio punho vovô, mas pensar que você nunca podeira ler ela para ti dói demais e prefiro escrever no word. Sinto tanta sua falta nos meus domingos, dos seus apelidos carinhosos e de como ficava feliz por eu gostar tanto de ler. Queria que soubesse que as pessoas talvez não tenham entendido o porque não consegui me trancar em casa num quarto quando você partiu e julgaram que não te amava.

Eu te amo tanto que dói e mesmo nunca tendo contado para você das minhas crises de ansiedade (você se foi antes), na minha cabeça não me permitir viver era ser egoísta contigo. Seu ciclo por aqui terminou e isso não significa que o meu que mal começou tem que ser como as outras pessoas querem que seja. Dois dias depois do seu enterro, ouvi Nando Reis com meus amigos, tentei me divertir e quando ele cantou pude sentir que meu coração finalmente teve paz.

Você estava em paz.   

Te ver no hospital foi muito difícil pra mim, você nem sabe o quanto, desculpe não ter ido mais vezes aquele ambiente não faz bem é um dos meus gatilhos emocionais. Guardei os adesivos das visitas no meu caderninho e não consegui escrever nada desde quando sai do seu enterro. Era como se as palavras fugissem de mim o que é frustante, pois sou metade literatura e a outra metade escrita. E não escrever sobre isso se tornou uma bola de neve que me bloqueou por meses de dizer o que sentia. 

Sinto sua falta.

Muita.

Mais do que poderia pôr em palavras.

Queria que estivesse aqui para contar dos meus livros que estão finalmente saindo da minha cabeça, pois parei de ter medo do que as pessoas vão achar e me preocupo mais se vou ser feliz com o que escrevi. Minha escrita vem tomando rumos surpreendentes e assustadores para uma garotinha que tinha diários e escrevia sobre seus desamores, as coisas que ela não entendia nos relacionamentos familiares e a morte (ainda não entendo isso, mas tudo bem). 

Cresci tanto em pouco meses que às vezes me olho no espelho e me pergunto se sou a mesma pessoa. Aprendi a me perdoar e entender que está tudo bem errar, minhas imperfeições me deixam mais leve e longe da frustração, pois de perto ninguém é "normal" e "perfeito". Não sei onde você está e se um dia terei oportunidade de dizer o quão especial tu és pra mim de novo, mas só quero que saiba que eu amo você. 

Com amor, Andresa.

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